sexta-feira, 23 de maio de 2008

Samba no pé merda na cabeça?

Esse era o lema dele, um cara truculento, duro, sem ginga alguma, não sabia sambar e não queria aprender.
Será? Acho que tinha medo de não conseguir, ou pior, de conseguir e manchar a sua reputação de rockeiro.
Carnaval de 2008, depois de muito tempo, ele, que nunca havia se programado pra esta data estava bem ancioso de poder, enfim passar um carnaval na praia.
Na maioria dos carnavais de sua vida, estava trabalhando, ou era criança demais pra isso, que dizer: dos zero aos 14, nenhum carnaval, nos 15, bah, foi ao desfile das escolas de samba da sua cidade, dos 16 aos 27, o trabalho se fazia mais importante, não que não tivesse feriadão, afinal era ponto facultativo. Ele não ia por opção e usava o trabalho como desculpa.
Por muito tempo quase perdeu a namorada com essas desculpas de trabalhar no carnaval, dizia pra ela que precisava trabalhar e que além do mais não era ambiente pra ela.
Ela de familia foliã sempre ia os bailes de carnaval, desde bem criança até conhecê-lo.
-Carnaval é uma festa pagã! Hehhehehe, sim ele dizia besteiras come essas, hehheehehhe.
O carnaval só estraga a visão do país lá fora, todos que vêem pra cá sempre assossiam o Brasil ao carnaval e samba no pé.
-Tu diz isso porque não sabe sambar. Dizia ela.
- Não sei sambar, mas sou um cara culto, ora bolas: samba no pé, merda na cabeça.
Não sei poque esse ódio todo pelo carnaval, quer dizer, eu sei, mas não sei se devo contar.

Tá, contarei:
Carnaval de 95, ele naquela idade em que as espinhas se fazem presentes no rosto em meio aos primeiros fios de barba, estava lá, ainda magro e com cabelo, com uma franja, não como as dos emos de hoje, uma franja de um cabelo que estaria crescendo havia uns 8 meses, bermuda da Murphi´s, camiseta da Pychuilin e tênis Qix, foi ao desfile com dois amigos, lá encontraría uma colega do 1º ano do segundo grau.
No caminho, àquela tristeza: ônibus lotado, um monte de bêbados, a multidão sambando e ele a procura da sua ficante. Foi quando a viu: linda, loira, sainha curta e ops, dois negrões de quase 2metros de altura, dançando com ela. Ela de 1,55, sambava e rebolava enlouquecidamente, ele com 1,65 ficou menor ainda diante daquela cena.
Não sabia o que fazer, não sabia brigar, não tinha altura nem força pra isso e pior, não podia nem tirá-la do meio daqueles dois . Tinha medo, medo de chegar perto dela e levá-la, ele já era orgulhoso, muito mais que hoje em dia, deveria chegar lá sambado e ganhá-la na moral. Não consegui, digo, não conseguiu.

Bom, o carnaval em questão é o de 2008.

Bah o que falar do carnaval de 2008?
Bah nem sei, tava tão empolgado em falar desse carnaval.
Essas lembranças antigas me deixam meio pra baixo, ainda mais que eu, digo ele, estamos falando dele e não de mim, putamerda, me perdi todo.
Ainda mais que ele aprendeu a sambar no carnaval de 2008 e viu que tinha samba no pé e agora lembra que tinha merda na cabeça.

3 comentários:

Tatiana C. disse...

É...
Todo Carnaval tem seu fim!
E o carnaval de 2008 mudou minha vida!

Gostei do texto ;)

Juliane Soska disse...

tá, afinal tá falando "dele" ou de ti??
rsrs

Mas na real, a gente tá sempre se guardando pra quando o carnaval chegar...

Juliane Soska disse...

saudades desses post malucos, autistas, porém legais!